Expandir rede escolar privilegiando qualidade
O Governo vai continuar com o programa de expansão da rede escolar integrado numa perspectiva de melhoria de qualidade no qual o professor deve ser parte das soluções dos problemas de que enferma o sector.
Dirigindo-se aos professores que lhe foram saudar pela passagem do 34.º aniversário da criação da Organização Nacional dos Professores (ONP), ontem assinalado, o Presidente Filipe Nyusi disse que não vai parar a expansão da educação que já está no bom nível, mas sim apostar de forma intensiva na qualidade.
Defendeu, dirigindo-se aos representantes dos professores, que há muita coisa que está a melhorar nos últimos tempos, só que não se pode medir numa semana ou num mês.
“Os resultados surgem depois. Estão no bom caminho e estou entusiasmado em ver os esforços que desenvolvem”, disse o Presidente.
Nyusi indicou que a expansão da rede escolar não deve ser feita a todo custo porque depois a factura é muito alta, com impacto na própria qualidade.
“Devemos expandir sabendo que estamos a apostar na qualidade, com salas condignas, carteiras, laboratórios que até podem ser feitos com material local”, disse.
Na sua óptica, não se justifica, por exemplo, que um estudante que curse Física ou Química não conheça o que é uma roldana, o que reforça a ideia de que tem de se investir também em laboratórios nas escolas sob pena de se estar a deformar os alunos.
“Temos de ter o mínimo para podermos assegurar a qualidade e termos sucesso. Por outro lado, temos de investir mais na gestão de recursos humanos porque grande parte dos problemas é de gestão”, defendeu.
Num outro desenvolvimento, deu conta que o Estado está a alocar escolas que pela sua dimensão dispõem de património que precisa de ser bem gerido. Nesse contexto, faz sentido também apostar-se na formação de gestores de património.
Na sua mensagem, os professores revelaram que persiste morosidade na nomeação, progressão, promoções, mudança de carreiras e ressurgiram a demora e pagamento irregular de salários, atraso sistemático do pagamento de horas extras e turno e meio, salários incompatíveis com o custo de vida, longas distâncias para levantarem os seus salários numa agência bancária e dificuldades para a obtenção ou autorização de bolsas para a continuação de estudos.
Outras preocupações prendem-se com a falta de celeridade na atribuição de talhões aos professores ou falta de casas sociais para recém-contratados ou transferidos, a inexistência da profissionalização da carreira docente, falta de pagamento de subsídio de adaptação, entre outras.
A ONP, na voz da sua Presidente, Beatriz Muhoro, está disposta a colaborar na solução de alguns destes problemas que apoquentam a classe em prole da melhoria da educação.
Filipe Nyusi, que na ocasião recebeu o cartão de membro de honra número 1 da Organização Nacional dos Professores, prometeu para breve uma reflexão conjunta sobre os problemas existentes, alguns dos quais derivam da falta de esclarecimento, enquanto outros, como a demora no pagamento de salários e de horas-extras, deviam ser exemplo de coisas ultrapassadas.
“Quando iniciamos um ciclo, dum ano, sabemos a quem vamos pagar e fazemo-lo na dimensão da nossa capacidade”, referiu.