Moçambique conta com plataforma que gere informação sobre calamidades
Moçambique passa a contar desde hoje com um Sistema Integrado de Gestão de Informação sobre Calamidades (SIGIC), uma plataforma que permitirá a recolha sistemática de dados e transmissão de informação de forma atempada, antes, durante e depois de uma calamidade ou situação de emergência.
O Sistema irá possibilitar, consequentemente, o salvamento de mais vidas e minimizar a perda de bens da população.
A plataforma, ora lançada em Maputo, é financiada pelo governo norte-americano, através da sua Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e do seu Programa de Adaptação das Cidades Costeiras (CCAP), e vai funcionar em coordenação com o governo moçambicano, através do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) e os Conselhos Municipais de Pemba (norte) e Quelimane, centro.
Pelo menos 15 milhões de dólares norte-americanos serão investidos na plataforma, na sua primeira fase, de cinco anos. No entanto, no seu projecto global, os custos estão avaliados em mais de 250 milhões de dólares.
O programa é lançado por se ter constatado que um dos grandes desafios da gestão de calamidades no país é a recolha sistemática de dados e transmissão de informação de forma atempada, antes, durante e depois da ocorrência de uma calamidade ou situação de emergência. Este facto dificulta a coordenação das actividades de prontidão e priorização das intervenções de resposta para reduzir a vulnerabilidade das pessoas e bens.
Falando na cerimónia de lançamento da plataforma, o ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, enalteceu a iniciativa e reconheceu que, sendo um país vulnerável ao impacto das calamidades naturais, Moçambique precisa de ter um mecanismo eficaz para a detecção prévia dos fenómenos calamitosos para facilitar o processo de tomada de decisões e de alerta atempado às comunidades.
Reconhecendo a elevada vulnerabilidade do nosso país aos desastres naturais, o governo considera a prevenção como a sua principal linha de acção estratégica nos seus esforços de melhoria do bem-estar das comunidades. O Sistema Integrado de Gestão de Informação sobre Calamidades, que hoje temos o privilégio de testemunhar o seu lançamento, é uma ferramenta importante para a veiculação de informação sobre a proximidade de eventos extremos como cheias e ciclones, só para citar alguns, considerou ele.
O governante mostrou-se confiante que os dados colhidos em locais remotos do país chegarão aos centros de tomada de decisão com uma relativa rapidez, o que flexibilizará a tomada imediata de medidas, no caso de necessidade.
Todavia, tomando em consideração que os dados a serem gerados pelo sistema advirão de informações colhidas a nível local, em alguns casos por pessoas não especializadas na análise de dados, o produto final para a tomada de decisão e para o uso para fins oficiais terá, segundo recomenda Mesquita, de ser validado por instituições especializadas, como é o caso do Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), através da sua rede de instituições sectoriais geradoras de informação oficial.
Mesquita considera, apesar desta iniciativa, o treinamento permanente das comunidades para uma melhor gestão e utilização deste sistema, um grande desafio, pois, é a nível comunitário donde advirá toda a informação veiculada através desta tecnologia.
Por seu turno, o representante do governo dos Estados Unidos da América (EUA), o embaixador Douglas Griffiths, considerou o programa importante, particularmente, hoje em dia, devido às mudanças climáticas.
Segundo ele, no início deste ano, mais de 160 mil pessoas foram afectadas pelas cheias, no centro e norte de Moçambique.
As mudanças climáticas vão provavelmente causar este tipo de eventos, que sejam menos previsíveis e mais severos no futuro. Chegou a hora de nos prepararmos para a próxima vez. Sabemos que haverá mais desastres. Não precisamos esperar para nos prepararmos. A hora para nos prepararmos para a próxima vez é agora, apelou Griffiths.
Com o desenvolvimento desta ferramenta, em conjunto, o diplomata disse ter a certeza que verá um INGC agindo como líder, continuando a proteger as vidas e os bens dos moçambicanos.
Aliás, o embaixador referiu que a introdução desta ferramenta enquadra-se no já dito pelo Presidente dos EUA, Barack Obama, quando visitou África, em Julho deste ano, que estamos a providenciar novas ferramentas para nos ajudar a preparar e adaptar às mudanças climáticas.
O governo dos EUA ajuda o país sempre que se encontra em situação de emergência, na capacidade de resistência aos desastres naturais.
Em 2000, quando o país registou cheias com um impacto maior e ao nível nacional, os EUA distribuíram um total de 10 milhões de dólares em dinheiro a 115 mil famílias, nas províncias meridionais de Maputo, Gaza e Inhambane e centrais de Manica e Sofala.
Em 2001, a USAID estabeleceu parceria com o governo moçambicano para implementar um sistema de aviso avançado para alertar aos cidadãos sobre desastres naturais que se aproximem e salvar as vidas de muitos.
O Atlas da Bacia do Rio Limpopo, publicado em 2002, é um resultado importante desta parceria que incluiu o INGC; a Universidade Eduardo Mondlane, a mais antiga instituição do ensino superior no país, e a Administração Regional de Águas (ARA).
(AIM)