Preservar a paz requer paciência
O Presidente da República, Filipe Nyusi, disse ontem em Quelimane que a construção e manutenção da paz requerem paciência, generosidade, diálogo permanente e envolvimento dos diferentes actores sociais, visando o bem-estar colectivo.
Falando na capital provincial da Zambézia, Quelimane,
na abertura da III Conferência Nacional Religiosa, Filipe Nyusi sublinhou que a manutenção da paz não pode ser vista como tarefa exclusiva do Estado, por isso todos os actores são chamados a contribuir para a sua preservação e consolidação com vista ao progresso social e económico do país.
Para o Chefe do Estado, a realização da conferência faz parte dos princípios de governação inclusiva e participativa do Executivo que dirige, lema prometido aquando da tomada de posse deste Governo. O Presidente da República defendeu que no debate de assuntos nacionais há toda a necessidade de envolver a todos, incluindo as confissões religiosas, que têm vindo a desenvolver um trabalho profundo de bem-estar moral e religioso para que o país alcance a harmonia social.
Falando perante mais de 500 participantes, o mais alto magistrado da nação moçambicana disse que o encontro de Quelimane visa a consolidação de uma longa marcha iniciada em 2013, pelo que todo o trabalho que está a ser desenvolvido pelos diferentes segmentos deve contribuir para a pacificação do país. Nyusi pediu às confissões religiosas para que cada uma delas, juntamente com os seus crentes, dêem uma contribuição adicional para a manutenção da paz no país.
O Presidente da República reiterou a disponibilidade do Governo em encontrar-se com a liderança da Renamo para resolver questões urgentes que visem a manutenção da paz, estabilidade social e económica. “A paz é muito mais do que a ausência de guerra; também não há razões para o derrame de sangue no país, porque todos nós conhecemos essa experiência e não queremos repeti-la”, disse o Chefe do Estado durante a sua intervenção, afirmando em seguida que a religião é um veículo bastante importante para a educação do cidadão bem como a construção de uma sociedade livre e mais justa.
Disse igualmente que a paz precisa do envolvimento de todos e entende que também o líder da Renamo está interessado na paz e para se alcançar a estabilidade é necessário um diálogo mais produtivo, onde ninguém impõe, mas que se discutam as questões nacionais com a desejada profundidade para que o encontro produza resultados. O Presidente da República disse ainda que a paz exige abertura total e um diálogo franco e que Executivo desde cedo mostrou prontidão em dialogar para a promoção da paz no país.
O Chefe do Estado indicou vários desafios que as religiões têm no país e não só no papel da pacificação para uma paz efectiva como também na responsabilidade de promover uma educação de qualidade e formação profissional. Nyusi disse estar particularmente preocupado pelo facto de muitos estudantes concluírem o Ensino Secundário sem estarem habilitados para o saber fazer e nem preparados para o auto-emprego.
O outro desafio que as religiões podem ajudar a concretizar, segundo o Chefe do Estado, é a área da Saúde. Nyusi disse que há um grande investimento na medicina curativa, quando se deveriam concentrar esforços e envolvimento de todos na prevenção de doenças como a malária, HIV/SIDA e outras endemias.
A conferência tinha como lema “Contribuição das Confissões Religiosas na Manutenção da Paz em Moçambique”. Na sua mensagem as confissões religiosas afirmaram que o tema é pertinente e na ocasião pediram ao Executivo para criar uma comissão junto do Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos com vista a monitorarem a implementação das decisões que saem de cada conferência. José Guerra, bispo da Igreja Universal, que apresentou a mensagem, frisou que podem ser multiplicadas conferências, mas se não houver um acompanhamento das decisões nunca se poderão alcançar os objectivos pretendidos. “A paz é um bem supremo que se coloca acima dos interesses individuais ou ideológicos”, disse Guerra, para quem as confissões religiosas devem ser cada vez mais envolvidas, visto que têm um papel importante na pacificação.