BM anuncia medidas para conter o câmbio
O Banco de Moçambique (BM) anunciou ontem, em Maputo, medidas para conter a pressão que actualmente se exerce sobre o mercado cambial, com destaque para as principais moedas trasaccionadas no país.
Com efeito, segundo o Governador do Banco Central, Ernesto Gove, do lado cambial serão estabelecidos limites de utilização de cartões de débito e de crédito no exterior, devendo os bancos comerciais serem instruídos para trabalhar para ajustar as suas plataformas informáticas em função da nova modalidade.
Trata-se de uma medida que vem alterar o actual cenário em que os titulares dos cartões fazem compras ou pagam serviços no estrangeiro sem qualquer restrição, obrigando a que o país esteja constantemente a drenar divisas para o exterior.
Apenas para ilustrar, o governador referiu que a importação de viaturas passou de 291 milhões de dólares norte-americanos em 2010 para 567 milhões de dólares no ano passado, o correspondente a um crescimento de 94 por cento.
Este cenário acontece numa altura em que a balança de pagamentos de Moçambique estava a recuperar da situação deficitária crónica que se vinha registando nos últimos anos em função de uma conjuntura interna e internacionais favoráveis.
“É um momento excepcional em que precisamos de tomar algumas medidas para ajustarmos as nossas expectativas e o funcionamento dos mercados”, disse o governador, falando numa conferência de imprensa.
Com os mesmos objectivos, o Banco Central compromete-se ainda a reforçar a supervisão bancária, assegurando que a lei cambial em vigor em Moçambique seja estritamente observada.
Mesmo perante este quadro desfavorável, Ernesto Gove disse não haver razões para o desespero, na medida em que os fundamentos macro-económicos não estão abalados.
Segundo o governador, o Banco de Moçambique mantém as reservas internacionais respeitando os níveis aceitáveis (cobertura de três meses de importações).
Afastou ainda a possibilidade de fixação de taxas de câmbio administrativas, que haviam sido propostas pelo sector privado como medida para minimizar o impacto das flutuações das taxas de câmbio na importação de bens factoriais. Ernesto Gove argumenta que tal medida não seria benéfica para a economia.
“Podemos incorrer à uma situação em que acabamos tendo dinheiro mas sem produtos, e isso já aconteceu no passado. Uma medida do género provoca a híper-inflação. O que necessitamos é resolver o problema actual global e sectorialmente, através de uma conjugação de esforços entre o Governo, o Banco Central e o sector privado, de forma a sermos mais competitivos na região e no mundo, aproveitando a nossa localização geográfica estratégica”, afirmou Gove.