É tempo de acabar com casamentos prematuros

Data: 26/10/2015
É tempo de acabar com casamentos prematuros

A Primeira-Dama da República, Isaura Nyusi, disse ser importante que os moçambicanos actuem de forma energética no combate aos casamentos prematuros, dado as consequências que a prática representa na vida das vítimas, com particular destaque para a rapariga.

Isaura Nyusi manifestou esta preocupação no Instituto de Ciências de Saúde de Chimoio, local onde se reuniu com as mulheres do distrito de Chimoio, no final da visita de trabalho de três dias que na semana passada efectuou à província.

Na ocasião Isaura Nyusi sustentou que os casamentos prematuros põem em causa o futuro das raparigas, defendendo tratar-se de um assunto de dimensão nacional cuja solução deve ser da responsabilidade de todos os segmentos da sociedade, a quem disse caber a tarefa de sensibilizar os promotores para a necessidade urgente de mudança de mentalidade.

Não obstante aos esforços empreendidos pelas autoridades governamentais na emancipação da mulher em Moçambique, Isaura Nyusi disse persistirem no país casos de raparigas que abandonam os estudos para atenderem os casamentos forçados, muitas vezes pelos seus próprios pais, situação que obstrui o futuro deste segmento fundamental para o desenvolvimento do país.

“Temos de agir rapidamente contra estas práticas de modo a assegurarmos o futuro das raparigas para que elas tenham formação académica e deste modo contribuam para o crescimento social e económico do país”, declarou a Primeira-Dama da República, salientando que maior enfoque deve ser dado aos pais, que considerou serem os principais promotores do fenómeno.

No evento foram arroladas algumas das causas que estão por detrás dos casamentos prematuros, maioria das quais de âmbito económico-financeiro. Aliás, alguns participantes ao encontro acusaram muitos dos pais de preferirem “vender as suas filhas” cobrando valores exorbitantes a supostos genros como forma de procurar livrar-se da problemática da pobreza que os apoquenta.

Isaura Nyusi considera os casamentos prematuros como um fenómeno cujo combate deve ser feito sem complacência, chamando à atenção para a necessidade de esta tarefa partir da família para depois atingir todos segmentos da sociedade, não devendo ser apenas das mães e das raparigas.

Destacou o papel fundamental que as mães têm vindo a desempenhar em prol da protecção das raparigas no seu envolvimento em casamentos precoces, muitas vezes guerreando com os pais, que em vez de educarem as suas filhas preferem levá-las a uniões conjugais precoces e muitas vezes promíscuas.

AS TELENOVELAS SÃO NOCIVAS

Um outro factor identificado e considerado estimulante para os casamentos prematuros é a proliferação de telenovelas e filmes de condão imoral que passam em alguns canais televisivos, tal com o defendeu Inês Rosse, professora com mais de 50 anos de idade.

Para ela as telenovelas que são exibidas estimulam a prostituição, a promiscuidade sexual e contribuem para casamentos prematuros, sobretudo nos meios urbanos, onde a assimilação de hábitos culturais ocidentais tem levado a comportamentos nocivos à moral social que se pretende seja edificada no país.

Numa mensagem apresentada no encontro, as mulheres de Manica congratulam-se pela evolução da sua situação na província. “Nós mulheres da província de Manica saudamos os esforços empreendidos pelas autoridades governamentais no empoderamento da mulher e, por via disso, passou a não haver espaço exclusivo para homens, podendo coabitar numa relação profissional. É daí que já podemos ver mulheres a conduzirem tractores, a serem maquinistas e pilotos, dando o seu contributo para o crescimento do país”, disseram as mulheres de Manica, em mensagem apresentada à primeira-dama.

Na cidade de Chimoio, última etapa da sua deslocação a Manica, Isaura Nyusi visitou o Infantário Provincial, o Centro de Saúde 1.º de Maio e inaugurou a maternidade local, que vai ser modelo no tocante aos partos humanizados, no âmbito de um projecto que está a ser implementado com financiamento da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID).