Indústria petrolífera prevê investir cerca de 31 biliões de dólares
O sector da indústria petrolífera prevê investir cerca de 31 biliões de dólares, ao longo dos próximos anos, para aumentar a capacidade de exploração de gás natural em Moçambique.
Este investimento terá lugar na bacia do Rovuma. Cerca de 24 biliões de dólares serão aplicados na Área 1, onde a multinacional petrolífera norte-americana Anadarko é a companhia operadora. A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), entidade do Estado moçambicano responsável pela pesquisa, prospecção, produção e comercialização de produtos petrolíferos e o representa nas operações petrolíferas, detém uma participação de 15 por cento.
Estimativas avançadas esta quinta-feira pelo Presidente do Conselho de Administração da ENH, Omar Mithá, revelam que os custos de exploração poderão atingir cerca de 5,6 biliões, acrescidos a cerca de dez biliões de dólares para a construção de unidades de liquefacção. Os estudos de desenvolvimento posterior deverão consumir cerca de 3,3 biliões, estimando-se em 4,4 biliões de dólares, os juros de construção e os honorários bancários.
Depois temos a contingência de 25 por cento, que é de cerca de 2,6 mil milhões de dólares. Isto tudo vai dar cerca de 24 mil milhões de dólares. Estamos a falar somente da Área 1, acrescente.
Mithá, que falava em conferência de imprensa, em Maputo, durante o lançamento das actividades comemorativas dos 35º aniversário daquela empresa, referiu que deste montante cerca de 20 a 25 serão consumidos pela área logística, razão pela qual o projecto constitui uma oportunidade de investimento ímpar para as empresas locais.
Os remanescentes sete biliões de dólares serão investidos na Área 4, operada pela multinacional italiana ENI, em que a ENH detém apenas dez por cento.
Os investimentos estão condicionados a Decisão Final de Investimento (FID, sigla em inglês), que poderá ocorrer até finais do primeiro trimestre de 2016.
O período de construção das plantas de liquefacção está calculado em cinco anos.
Segundo Mithá, a ENH carece de capacidade financeira para realizar o investimento por causa dos montantes envolvidos, pelo que está a estudar opções de financiamento para o efeito.
Estamos a propor, nesta fase, como cenário base, um entendimento de que os capitais sejam 55 por cento dívida e 45 por cento capitais próprios, disse.
Na Área 4, por exemplo, onde o volume de investimento é mais reduzido, com as estimativas das operações a rondarem entre sete biliões de dólares, a ENH pretende que este valor seja totalmente suportado pela alavancagem financeira, na sua primeira fase.
Fazendo um breve historial da empresa, Mithá a pesquisa de hidrocarbonetos culminou com descoberta de cerca de 200 triliões de pés cúbicos de gás, nas bacias de Moçambique do Rovuma.
Através das suas afiliadas, nomeadamente a Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CMH) e a Companhia Moçambicana de Gasoduto (CMG), a ENH participou no início da produção comercial do gás, em 2004.
Nessa altura, as reservas de gás estavam calculadas em 3,5 tcf e uma capacidade instalada em 120 milhões de gigajoules por ano, para um consumo nacional estimado em 1,5 milhões de gigajoules.
Estes números evoluíram, tendo a capacidade de produção passado de 120 em 2012 para 183 milhões em 2013. O consumo nacional passou de 1,5 milhões de gigajoules para 20 a 26 milhões de gigajoules.
O sector petrolífero já investiu até ao momento cerca de quatro biliões de dólares, na bacia do Rovuma.
Sobre o 35º aniversário da ENH, as celebrações incluem actividades educativas, desportivas, culturais e de responsabilidade social, incluindo debates, palestras e seminários sobre temáticas de desenvolvimento de gás natural em Moçambique e seu impacto na economia.