Moçambique poderá erradicar a malária
Moçambique poderá declarar-se livre da malária nos próximos anos, caso uma experiência científica que está a decorrer em Magude, província de Maputo, venha a surtir os resultados esperados. A acção é levada a cabo pelo Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM) no quadro de uma iniciativa de várias instituições que lutam contra aquela doença no país.
Segundo o director do CISM, Eusébio Macete, a experiência que decorre naquele distrito consiste na combinação de acções que vão desde a tomada de medidas preventivas e curativas e a monitoria de aspectos que levam à ocorrência de casos de malária. Ontem, durante um informe que apresentou ao Presidente da República, Filipe Nyusi, que visitou o centro, o médico e investigador mostrou optimimismo quanto ao sucesso da experiência que decorre em Magude, o que a acontecer salvará milhares de vidas que se perdem anualmente em Moçambique por causa da doença.
O projecto propõe a conjugação de medidas que vão da prevenção, tratamento e monitoria e intervenção nos casos de malária que se verifiquem ao longo do projecto. “É um projecto ambicioso do ponto de vista técnico e tenta do ponto de vista científico e teórico mostrar que quando se aplica esta metodologia na mesma área geográfica é possível alcançar alguns indicadores promissores. Espera-se que no fim da época seca, depois de se fumigar as casas, tratar as pessoas e estando atentos às causas (de ocorrência de mais casos) possamos ter um decréscimo da transmissão”, explicou o responsável, já em conversa com jornalistas.
A experiência que está a decorrer em Magude é parte de uma iniciativa ampla que visa erradicar a malária em Moçambique e que é levada a cabo por várias instituições autónomas que se ocupam da doença. O PNCM espera obter o conhecimento necessário para melhorar o controlo e avançar para a eliminação desta doença à escala nacional.
Entretanto, o Presidente da República, Filipe Nyusi, encorajou o CISM a continuar com as suas acções no sentido de investigar e identificar soluções para os problemas que afectam o país na área da Saúde. “Queremos encorajar-vos, têm um corpo dinâmico, jovem, que realiza esta missão nobre de cuidar da vida das pessoas, que justifica a razão da nossa existência”, referiu o Presidente.
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Temos estado a investir muito tempo a falar sobre a paz, mas a maior paz é a vida. Ninguém pode falar da paz enquanto a vida não existir. Se a paz é a vida, então a saúde é extremamente importante. A saúde significa cuidarmos de nós e sabermos quem somos nós. E uma das ferramentas que o país tem (para cuidar da saúde das comunidades) é este centro da Manhiça”, sublinhou Nyusi, dirigindo-se aos trabalhadores do CISM, cuja maioria são jovens, alguns dos quais que buscaram ali mesmo a formação.
O CISM foi criado em 1996 com o objectivo de impulsionar e conduzir investigação biomédica em áreas prioritárias de saúde no país. Desde a sua criação, desenvolveu-se seguindo a orientação de um programa de cooperação bilateral entre os Governos de Moçambique e de Espanha e com o apoio do Hospital Clínic da Universidade de Barcelona, Espanha.